quinta-feira, 4 de novembro de 2010

::: PRESTAÇÃO DE CONTAS - Campanha de Osmar gastou R$ 5,8 mi a mais que a de Beto

A principal doadora do pedetista foi a Construtora Camargo Corrêa, a mesma do adversário. A maior parte dos repasses ao senador ocorreu via comitê do PDT, o que dificulta a transparência do processo


A campanha do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do estado arrecadou mais recursos do que a do vencedor da eleição, Beto Richa (PSDB). No total, Osmar recebeu R$ 29,5 milhões, segundo informações prestadas à Justiça Eleitoral. Todos os recursos foram gastos durante a campanha. Richa declarou ter recebido e gasto R$ 23,7 milhões no período eleitoral.
A maior parte das doações de Osmar veio por meio do comitê financeiro do PDT, o que dificulta o acompanhamento das contas da campanha por parte do eleitor. Curiosamente, a maior doadora individual do pedetista é a mesma da de Richa: a empreiteira Camargo Corrêa.
No caso da campanha de Osmar, a Camargo Corrêa doou R$ 5 milhões. A mesma empresa doou R$ 1,5 milhão para Beto Richa. No Paraná, a empreiteira também foi a maior doadora da senadora eleita pelo PT, Gleisi Hoffmann. No ano passado, a construtora foi alvo de uma investigação da Polícia Federal, chamada Castelo de Areia, devido a supostas irregularidades que envolviam doações de campanha para políticos.
O segundo maior doador da campanha de Osmar foi o próprio candidato. De acordo com a declaração entregue ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Osmar contribuiu com R$ 4,2 milhões para o comitê pedetista. Antes do início da campanha, em sua declaração oficial de bens, o senador disse possuir, entre imóveis e aplicações financeiras um patrimônio total de R$ 5,1 milhões. A reportagem procurou o senador ontem para que ele comentasse a doação, mas Osmar não foi encontrado.
Transparência
Na maior parte dos casos, porém, não é possível identificar com precisão quanto foi doado por cada empresa ou pessoa física à campanha de Osmar Dias. É que mais de 78% do total arrecadado, de R$ 29,5 milhões, aparece apenas como doação do Comitê Financeiro Único do PDT. Como a Justiça Eleitoral disponibiliza também as contas do comitê, é possível comparar as duas. Mas há recursos do comitê que foram encaminhados também para outros candidatos do partido no Paraná, e não é possível saber qual doação foi encaminhada para quem.
Há um complicador a mais ainda para saber quem doou para Osmar. Muitas doações ao comitê foram feitas por meio de dois outros “intermediários”: R$ 3,6 milhões entraram pelo diretório nacional da legenda e R$ 7,2 milhões pelo diretório estadual do partido. No entanto, novamente, não é possível saber quais doações ao PDT foram encaminhadas à campanha do candidato ao governo do estado.


Sem problemas
De acordo com o coordenador jurídico da campanha de Osmar, Leandro Rosa, não há problemas de transparência na prestação de contas. O uso do comitê financeiro único como principal caixa de campanha, afirma ele, tem como objetivo reduzir os gastos do partido. “É como se fosse um caixa coletivo. Rece­­bemos as doações e conseguimos baixar custos encomendando santinhos para várias candidaturas ao mesmo tempo, por exemplo”, disse.
O advogado também afirmou que não vê problemas na doação de recursos via diretório. “Até a eleição passada, realmente fazia sentido chamar esse tipo de recurso de doação oculta. No entanto, neste ano, as regras mudaram, e é preciso fazer uma documentação até maior nesse caso. Nada fica oculto da Justiça Eleitoral”, disse.
A campanha de Beto Richa também recebeu recursos por meio de diretórios do PSDB. Dos R$ 23,5 milhões, o diretório nacional do partido foi responsável por repassar R$ 6,9 milhões. O diretório estadual teria repassado R$ 2,2 milhões.

GM

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