Na cidade de Joaquim Pires, Cintia Ramos da Cunha (PMDB) concorre com a prima, Regina Ramos da Silva (PT), e com o próprio pai, candidato a vice
Na cidade de Joaquim Pires, no Piauí, a candidata à prefeitura Cintia Ramos da Cunha (PMDB) está concorrendo com a prima, Regina Ramos da Silva (PT), e com o próprio pai, que é candidato a vice. "É claro que é uma situação estranha, mas estou tranquila porque o Lourival (Cunha) já era meu vice havia bastante tempo, muito antes de a Cintia anunciar a candidatura dela. Ele é um político conhecido na cidade, já está no segundo mandato como vereador", disse Regina à BBC Brasil.
A tradição da família na política local não é algo novo, já que um irmão de Cintia era candidato na eleição de 2008, além de outros parentes estarem envolvidos no poder público.
A disputa na cidade piauiense é um bom exemplo de como a tradição de uma família pode ter mais peso em uma disputa política em cidades pequenas do que em grandes centros urbanos. "No Nordeste, por exemplo, a questão familiar pesa muito. Uma família que controla o poder escolhe uma das mulheres para concorrer e pronto. O caso mais clássico é o da Roseana Sarney, a primeira mulher a governar um estado (Maranhão) no Brasil", afirma o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, professor de Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE.
Além disso, candidatas mulheres têm mais chance de vencer em municípios menores, de acordo com estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral. "Em cidades grandes, a disputa é mais acirrada, e são os homens que estão na direção dos partidos. Nas cidades menores, a competitividade é menor, o que pode ajudar as candidatas", explica José Eustáquio.
O cientista político Milton Lahuerta acrescenta ainda que, em pequenos municípios, a candidata depende menos de uma grande máquina eleitoral, fazendo com que o carisma e a personalidade da pessoa tenham um peso maior.
Machismo
Mas se o preconceito pode não pesar tanto na escolha de uma candidata, ele continua presente em sua vida política."Ninguém fala, mas via a forma como meus colegas homens olham, como se as mulheres não tivessem a mesma competência, a mesma importância", diz Regina.
Para Débora Pedroso (PTB), que concorre com outras duas mulheres à prefeitura de Montividiu, em Goiás, a discriminação ainda vem do próprio meio político, apesar de ter diminuído. De 2004 a 2008, ela era a única mulher na Câmara Municipal. "No início, sentia que os meus colegas eram resistentes quanto ao meu trabalho, mas fui conquistando a confiança deles até que me elegeram como presidente da casa."
A candidata à prefeitura de Pongaí, no interior de São Paulo, Marlene Navarro, também conta que aos poucos venceu o machismo que a cercava logo que entrou na política. "No início sofri um pouco de preconceito, sim, não tão abertamente, mas sei que muita gente comentava sobre como uma mulher, na realidade já uma senhora, que praticamente não trabalhou fora, poderia assumir uma prefeitura e dar conta do recado", diz.
"Mas aos poucos, acho que as pessoas viram que eu não estava lá para brincar. Estava com receio, claro, mas ao mesmo tempo tinha uma grande vontade de mostrar que as mulheres têm o seu valor, sabem administrar e conseguem, sim, dar conta do recado."
BBC |
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