*Beto Richa
Quem usa o transporte coletivo ou dirige um carro nas cidades do Paraná já comprovou: a cada dia, o trânsito parece mais difícil. As razões vão do impressionante aumento na venda de automóveis ao comportamento dos motoristas, mais e mais estressados. Como conseqüência, temos prejuízos para a economia, para o meio ambiente e, claro, para nossa qualidade de vida. Na capital paranaense a situação não é diferente. Mesmo com um sistema de transporte coletivo eficiente, copiado em outros estados e países, Curitiba é a cidade brasileira com a maior proporção de veículos nas ruas: um para cada 1,63 habitante. E já se prevê a duplicação do número de automóveis em dez anos.
O que fazer? A solução deve ser buscada, paralelamente, em três áreas: investimento no transporte coletivo, modernização da infraestrutura de tráfego e educação dos motoristas. É o que estamos fazendo. Depois de 20 anos, voltamos a construir corredores exclusivos para ônibus. Os primeiros 9,4 km estão na Linha Verde, a maior avenida da cidade, que substituiu o trecho urbano da BR 116. Os ônibus que circulam na Linha Verde rodam com diesel feito à base de óleo de soja. E já começamos a trabalhar na primeira linha do Metrô Curitibano, que terá 22 km.
Para dar mais fluidez ao trânsito, implantamos dez novos sistemas binários, que são ruas paralelas com tráfego em sentido contrário, e pavimentamos mais de 500 km de ruas e avenidas, com preferência para aquelas por onde passam ônibus. Motoristas e pedestres não são esquecidos. Nos últimos anos, os curitibanos se acostumaram a ver nas ruas campanhas educativas como a que estendeu tapetes vermelhos para pedestres nos cruzamentos mais movimentados. Rapazes e moças vestidos de anjos circularam nos semáforos, distribuindo orientações para um trânsito mais humano.
Os números mostram que esse é o caminho correto. O total de passagens vendidas por ano no transporte coletivo aumentou de 294 milhões para 324 milhões de 2005 para 2008. Os radares, que antes eram instrumentos usados exclusivamente para punição, foram todos sinalizados, iniciativa que inspirou o Conselho Nacional de Trânsito a determinar a sinalização também em todo o País. Resultado? Redução de 57% no número de atropelamentos nas ruas com radares na capital.
Acredito que nossas soluções podem ser adaptadas também a diferentes realidades, em cidades de pequeno e médio porte, até mesmo antecipando problemas futuros. No trânsito, as soluções não podem ser deixadas para amanhã.
*Beto Richa é prefeito de Curitiba
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