A palavra ‘opinião’ é definida no Dicionário Michaelis como: maneira de opinar; modo de ver pessoal; parecer, voto emitido ou manifestado sobre certo assunto.
Desde o ano de 2001 tenho me manifestado e sugerido diversos assuntos que versam sobre política, cidades, região, investimentos, empregos, projetos dentre outros. Porém na edição número 521 deste semanário publiquei uma nota a qual não imaginaria que gerasse tanta repercussão. O tópico intitulado “Câmara” provocou acalorados discursos nas aclarações particulares de alguns vereadores durante a 27ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Nova Esperança, realizada na segunda-feira, 26 de outubro de 2009, que é transmitida ao vivo pela Rádio Comunitária Tâmara FM.
O direito à manifestação por parte destes vereadores é básico num Estado com pretensões à democracia, onde a condição de cidadão conduz à participação política, social e pessoal cada vez mais e mais profunda, já que estamos legalmente num “Estado Democrático de Direito”.
Ouvindo os inflamados discursos de alguns vereadores sobre o já citado tópico publicado nesta coluna “Opinião”, um me chamou a atenção. Um referido vereador bradou “é um recado que a gente dá numa demonstração seguinte... eu nesta idade não tenho mais tempo para ficar perdendo com conversa de lavadeira... tapa na cara se paga com tapa na cara... Você perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado!”
De imediato o que mais me preocupou foi a maneira vulgar a qual o vereador se referiu a essa classe de mulheres trabalhadoras: As lavadeiras! Mulheres que acordam cedo e dignamente buscam o pão de cada dia, muitas delas com vigor sustentam seus lares. Outro detalhe importante é que são eleitoras, votam! E talvez o referido vereador até tenha na última eleição recebido votos de algumas lavadeiras. Não sei bem certo o que o nobre vereador quis dizer, mas para mim lavadeira quer dizer coisa limpa, mulher trabalhadora.
Quero ainda enaltecer o trabalho do vereador que até me sugeriu buscar meios e conhecer o que é preciso fazer para me candidatar, pois na opinião dele, “o trabalho de um vereador é de noite, de dia, atendendo aquilo que a administração deveria fazer, acudindo doentes, acudindo cestas-básicas, acudindo gente com problemas...Eu faço esse convite viu meu amigo José Antônio, você acha que o custo dos políticos é muito caro, se candidate a vereador, vai ver o que você precisa fazer para poder ajudar o povo de Nova Esperança”... Para conhecimento do referido vereador, este colunista já foi convidado e incentivado por leitores e diversos partidos, inclusive pelo que hoje governa o país a se candidatar à vereador, no entanto por saber que o trabalho exige tempo e não teria como conciliar com os estudos o convite ficou para uma outra oportunidade.
Convém esclarecer que diferente do que tal vereador me sugeriu, a participação do poder legislativo através de representação é indispensável, porque há muito já não se pode falar em democracia direta, onde todos os cidadãos participam ativamente, por isso parabenizo o trabalho deste edil em prol dos mais necessitados.
Porém é muito difícil crer que todo cidadão possa ir à Câmara, ou mesmo que possa fazer chegar até lá suas razões a respeito de determinado assunto, tentando fazer valer seu pretenso direito de participação no processo democrático, onde a oportunidade de todos os segmentos relevantes de se fazerem conhecer e ouvir possibilite à sociedade um amplo espectro de escolha de seus representantes.
Outro ponto destacado nos debates de alguns dos vereadores foi quanto “a ficar calado”. E aqui, publicamente manifesto meu pedido de desculpas se por um motivo ou outro fiz um comentário equivocado sobre essa Casa de Leis.
No entanto me parece óbvio dizer que a informação de um fato determinado, qualquer que seja apreendido por uma pessoa e submetido à sua peculiar visão, moldada - esta – indiscutivelmente, pela história desse sujeito, fatalmente será diferente do entendimento, acerca do mesmo fato, visto por outra pessoa, afinal, como no futebol, cada um tem seu time do coração, cada um tem sua “opinião”.
Embora muitos ainda discordem, considero a atividade jornalística uma função essencial à manutenção e ao desenvolvimento do regime democrático, Não há como pensar em democracia sem liberdade de imprensa. Infelizmente, em países vizinhos a liberdade de imprensa está ameaçada, a exemplo da Argentina, onde o maior jornal impresso está sofrendo perseguições por parte do governo daquele país e na Venezula de Hugo Chavez, onde canais de televisão e emissoras de rádio já foram fechadas, um verdadeiro “tapa na cara e um cala boca” na imprensa.
Ainda bem que no Brasil, a Constituição Federal de 1988, protege a liberdade de imprensa no art. 5º, IX e XIV:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientifica e de comunicação, independente de censura ou licença;
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
Acresça-se a isso o artigo 220 e §§ 1º e 2º da Constituição Federal que continua a dispor sobre a comunicação social, em especial sobre a liberdade de imprensa.
Diante disso fico feliz por ser parte deste debate saudável e democrático que contribui para o aperfeiçoamento da democracia, no entanto quanto ao pedido feito por parte de alguns vereadores para que eu fique quieto, calado. Isso é muito! Pois a liberdade de manifestação do pensamento entendam por essa, minha “opinião” é resguardada pela Constituição Federal, a Lei fundamental que regula a organização política da nossa nação. E, como pessoa de origem humilde que sou, enquanto aqui estiver defenderei o povo, principalmente se preciso for a classe das lavadeiras, mulheres que trabalham para deixar tudo limpo e mais claro, e, em momento algum devem ser desmerecidas.
Porque o Senhor é justo, Ele ama a justiça; os retos Lhe contemplarão a face. Sal. 11:7.
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