domingo, 20 de junho de 2010

:::ARTIGO - O desenvolvimento exige mão-de-obra qualificada


*Zeca Dirceu

O Brasil encontra-se em claro e inquestionável processo de desenvolvimento econômico. O crescimento é constante desde 2003, mas atingiu agora um ritmo acelerado. As previsões falam num incremento do Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 8% em 2010. O jornal “O Globo” fala no risco de super aquecimento da economia, um “problema” que o Brasil não enfrentava há décadas.


O desenvolvimento é um fato, e somos felizes por viver num momento como este. Há obstáculos, porém. Um deles, e o mais frequentemente apontado pelos meios de comunicação e pelos analistas econômicos, é o da condição insuficiente e precária da nossa infraestrutura.
De fato, este costuma ser um gargalo que freia o desenvolvimento econômico. A falta ou as más condições de estradas, portos, aeroportos, usinas hidrelétricas, ferrovias, hidrovias e redes de prestação de serviços essenciais básicos pode impedir ou retardar consideravelmente o crescimento.
Felizmente, uma parte considerável dos recursos federais, que aumentaram nos últimos anos devido ao crescimento do PIB, vem sendo investida na melhoria e ampliação da nossa infraestrutura, e esses investimentos tendem a ser cada vez maiores.
O outro obstáculo, ao qual tende-se a se dar menos atenção, é o da falta de mão-de-obra qualificada, nos mais diferentes setores da economia. Este é um problema sentido na maior parte dos países. Contraditoriamente, porém, ele é mais grave nos países que mais crescem.
Nesse sentido, a crise econômico-financeira pela qual o mundo passou apartir do final de 2008 (e que ainda não terminou completamente) atenuou o problema da falta de mão-de-obra qualificada nos países mais atingidos(como EUA e as nações da Europa). No Brasil e em outros países menos afetados, no entanto, o problema se agravou.
Segundo a empresa de consultoria internacional de recursos humanos Manpower, quase dois terços dos empregadores brasileiros têm dificuldadesde encontrar trabalhadores qualificados para preencher cargos disponíveis.
O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) prevê escassez de mão-de-obra qualificada em quatro setores da economia neste ano: comércio e reparação (menos 187.580 trabalhadores), educação, saúde e serviços sociais(-50.086), alojamento e alimentação (-45.191) e construção (-38.403).
Também este é um problema que há muito o Brasil não conhecia. Ou, nas palavras do presidente do IPEA, Márcio Pochmann, “é um problema bom”. Significa, contudo, que o Brasil deve assumir como prioridade a tarefa deformar e qualificar profissionais para poder continuar crescendo. Não basta infraestrutura, crédito e energia, precisamos também de cérebros, formação técnica e acadêmica e desenvolvimento tecnológico e científico.


Chegamos a uma situação na qual o desemprego está sendo combatido com sucesso e os salários estão tendo ganho real. Isto é ótimo, desde que também consigamos formar profissionais para preencher os postos de trabalho ofertados por uma economia em pleno crescimento.
O governo brasileiro está atento a este desafio. Obviamente, a questão começa na educação, em todos os níveis, e neste sentido o Brasil avançou consideravelmente nos últimos anos.
O presidente Lula ressalta, com razão, a importância dos investimentos em educação, como a expansão das universidades federais, a criação dos Ifets(Institutos Federais de Educação Tecnológica) e a abertura de escolas técnicas, cujo número deve chegar a mais de 350 entregues por este governo até o final do presente ano.
Por outro lado, o incentivo dado pelo governo à implantação de empresas de alta tecnologia é notável. Foi inaugurada em Porto Alegre, por exemplo, aprimeira fábrica de chips eletrônicos da América Latina, com investimentos de R$ 400 milhões do Ministério de Ciência e Tecnologia. Com isso, cerca de 100 engenheiros que estavam no exterior por falta de colocação no mercadode trabalho interno puderam voltar ao Brasil.
Durante os mais de cinco anos em que fui prefeito de Cruzeiro do Oeste,consegui adotar diversas medidas combinando educação básica, formação e qualificação de mão-de-obra e desenvolvimento econômico. Investimos muito na educação em período integral.
Criamos o programa Fábrica de Mão-de-Obra, que qualificou profissionais para os mais diferentes setores da economia do município. Iniciamos aconstrução da nova sede da Universidade Aberta do Brasil (UAB), pólo regional de Cruzeiro do Oeste. A UAB forma principalmente profissionais naárea da educação, que atendem a toda a região.
O resultado dessas iniciativas foi incentivar os empreendimentos econômicos, tanto os do próprio município quanto as empresas de fora que lá acabaram se instalando, porque passaram a dispor de mão-de-obra qualificada.

Cruzeiro do Oeste se desenvolveu, e o prêmio Prefeito Empreendedor concedido pelo Sebrae foi um reconhecimento deste trabalho.
O Brasil vai crescer de forma acelerada e consistente, porque tomou consciência de que precisa criar a principal base para este crescimento: investimentos pesados em educação, formação profissional, desenvolvimento científico e tecnológico.


*Zeca Dirceu, 31 anos, ex-prefeito de Cruzeiro do Oeste, é secretário deRelações Institucionais do PT do Paraná http://www.zecadirceu.com.br/www.twitter.com/zeca_dirceu

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