O excesso mata e a falta também!
Hoje, lendo os noticiários dos jornais locais, principalmente on-line, o número de acidentes de trânsito é impressionante.
Hoje, lendo os noticiários dos jornais locais, principalmente on-line, o número de acidentes de trânsito é impressionante.
Mas não estou aqui para falar da velha lógica do trânsito, não vou cair naquela ladainha da falta de prudência dos motoristas que provocam a maioria dos acidentes. Quero falar de outra coisa, de quem permite que os alucinados tenham acesso ao consumo de veículos.
Os acidentes que estamos assistindo todos os dias, principalmente nos finais de semana, já é uma tendência estatística e anunciada, mas sem reação de quem deveria. Uma pesquisa da Secretaria de Transportes de São Paulo, feita em 2010, mostra que a maioria das mortes no trânsito ocorre nos finais de semana. No sábado são 19,7% dos acidentes, no domingo 18,2 e na sexta-feira 16,9%.
É ridículo o discurso da tragédia, o chororó da lamentação, o pânico desmedido e a ação quase ineficaz das campanhas educativas. O comportamento do motorista é resultado do consumidor de bens que quer ter o direito de usufruir do objeto de consumo a qualquer preço. Por isso, nossas campanhas educativas naufragam diante da sedutora mídia automotiva que não discrimina os que têm responsabilidade ou não de conduzir o veículo.
Sendo assim, é fácil perceber que a alta do preço dos combustíveis afeta mais o cidadão consumidor do que a falta de leito nos hospitais. E é sempre bom lembrar que um fato tem relação direta com o outro, a maior parte dos leitos hospitalares estão tomados por vítimas em acidentes de trânsito.
Para completar nossa conversa, gostaria de lembra dos incentivos que o governo federal deu a indústria automobilística com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que durou até o início do ano passado. O ato governamental encharcou o país de carros e motoristas novos.
Neste ano, a indústria automobilística bateu recorde de vendas no primeiro trimestre, 9.27%. Mesmo com o aumento dos juros e com uma inflação ameaçadora, o crédito se nega a recuar e os automóveis são destaque entre os bens financiados. A febre de consumo pela dignidade de quadro rodas continua.
Contudo e contraditoriamente, não assistimos ao crescimento da estrutura viária com a mesma intensidade. As cidades não apresentaram mudanças significativas na logística de transporte urbano, individual ou coletivo. O binário em Maringá aliviou, mas não resolveu. A questão é física, não há espaço para tantos carros e nunca teve tão pouca gente dentro de um carro só como em nossos dias. Por isso, excesso de veículos e falta de infra-estrutura vão superlotar avenidas e ruas, infelizmente, também, os cemitérios.
Gilson Aguiar - CBN e Gz Mga
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