Acesso público à web ainda é lento, mas tem popularidade junto à população e agiliza serviços prestados pela prefeitura
Em pelo menos 20 municípios paranaenses, a internet se tornou um serviço público como a saúde e o saneamento. A prefeitura dessas cidades está oferecendo acesso gratuito à web por meio de antenas de rede wi-fi instaladas nas casas dos cidadãos. Ainda que numa velocidade considerada baixa, raramente passando de 1 MB, a oferta de internet tem ajudado os moradores a realizarem tarefas que antes só podiam ser feitas presencialmente.
Em Tibagi, por exemplo, nos Campos Gerais, o morador da zona rural pode realizar o agendamento de uma consulta médica pela web. A rede pública de ensino municipal também alterou a metodologia de ensino para incluir o uso da internet. O quatro negro deu lugar a Lousas Interativas Multimídia (LIM), que possuem conexão à internet, permitindo que os docentes escrevam sobre a projeção de um site.
A velocidade de navegação na cidade varia entre 300 a 500 kbps e o sinal parte de uma rede de fibra óptica da Copel, de 20 GB. O projeto tem recursos do próprio município e custou cerca de R$ 100 mil, com manutenção de R$ 5 mil por mês.
Contrapartida
Em Assaí, a 43 km de Londrina, a chegada internet gratuita ajudou a prefeitura a melhorar a arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Estar com o pagamento do imposto em dia é um dos requisitos para acessar a rede pública de internet, de 8MB, uma das mais rápidas entre os municípios do estado. Cerca de 700 dos 16 mil moradores já usam a conexão pública. Na cidade, há quem tenha usado a web para realizar pós-graduação à distância ou economizado com a conta da internet para comprar um novo computador. Feito em parceria com a Oi, a rede custou R$ 55 mil.
A oferta tem apelo forte com a comunidade. No município de Engenheiro Beltrão, a escolha da internet gratuita foi feita pelos próprios cidadãos. Na contracapa do boleto de IPTU de 2009, a prefeitura questionou o cidadão como o dinheiro da cidade deveria ser melhor investido: 87% escolheram a internet gratuita como uma prioridade.
Embora em quase todos os casos o investimento é da própria prefeitura – com exceção de Matelândia, próximo a Foz de Iguaçu, que conta com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia –, o projeto é fomentado pelo Cidades Digitais, movimento que faz parte da Rede de Participação Política, uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) para o desenvolvimento local. O Cidades Digitais organiza reuniões com prefeitos e administradores públicos para discutir o acesso à web e a experiência de quem já utiliza o sistema.
“A universalização do acesso tem um impacto enorme na comunidade. Não só na melhoria do acesso a informação, mas também na interação entre o poder público e os cidadãos. Com a internet, as prefeituras têm aumento a oferta de serviços públicos que podem ser feitos pela internet”, conta José Marinho, coordenador da Rede de Participação Política.
Impacto
Morador vê economia com o projeto
O entregador Luiz Sergio Rodrigues Parode aderiu à internet grátis há uma semana em Cascavel, no Oeste do estado. Ele conta que até então usava outro sistema via rádio, mas que chegava a pagar R$ 70 de mensalidade. “A velocidade [da internet grátis] não é grande coisa, mas funciona bem”, afirma. Segundo ele, a diferença é mínima. A velocidade de conexão do Programa Cascavel Digital é 256 kbps, podendo chegar a 512 kbps dependendo da quantidade de usuários conectados. Não há restrição de uso e qualquer pessoa pode fazer o cadastro
Na cidade, o sistema grátis de internet já está disponível para 70% da população urbana e presente em quatro dos sete distritos que compõem o município. A meta é atingir 100% da cidade até fevereiro de 2012. Aproximadamente 22 mil usuários estão cadastrados no programa. “Nós estimamos que o número de usuários seja o dobro, porque para cada cadastro há mais de um usuário”, diz o secretário de Administração, Alisson Ramos da Luz
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Custo
Para manter o sistema, a prefeitura gasta mensalmente R$ 38 mil. Quando o projeto atingir 100% da cidade os custos ficarão em R$ 600 mil ao ano.
Um dos diferenciais do programa é uma unidade móvel que dá suporte técnico aos usuários. “Quando surge um problema no uso do sistema, mandamos um técnico que faz o teste e na maioria dos casos é resolvido”, afirma o secretário. Em média, são atendidas dez chamadas diárias.
A cidade pretende alterar a legislação municipal para tornar o acesso à internet um direito básico do cidadão. O objetivo, segundo a administração pública, é a inclusão digital, e não competir com os provedores de internet. Ao contrário de outros municípios que oferecem o sistema, Cascavel não exige nenhum requisito do morador para ter acesso à web, como o pagamento do IPTU ou outras taxas.
Luiz Carlos da Cruz, Correspondente
Breno Baldrati - Gazeta do Povo
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