sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

::: CIDADANIA - FALTA DE ACESSIBILIDADE E DESRESPEITOS NO TRÂNSITO SÃO AS PRINCIPAIS BARREIRAS ENFRENTADAS POR CADEIRANTES

Além da falta de consciência de alguns motoristas, que param seus carros nas rampas de acesso à calçada, os cadeirantes têm de conviver com barreiras arquitetônicas que dificultam ainda mais o seu cotidiano.
Geovani Germano Pereira– cadeirante há 13 anos, vítima de acidente de trânsito durante tentativa para subir a calçada. Insuficiência no número de rampas é uma barreira arquitetônica ainda a ser vencida.

A Constituição Federal enaltece todos os seres humanos, sem distinção de sexo. Homens e mulheres, possuindo ou não algum tipo de deficiência, são iguais perante a lei.
A inclusão social de portadores de necessidades especiais deve ser direito de todos, devendo ter cuidados específicos para deficientes que usam cadeiras para se locomover, dando as pessoas que tiveram algum tipo de problema, por terem sofrido acidente que impossibilite o movimento das pernas ou doenças que afetaram sua locomoção, oportunidade de viverem dignamente.
As dificuldades de acessibilidade a vários lugares ainda são um grande entrave aos cadeirantes no exercício da cidadania. Se, por um lado, eles têm garantido pela Constituição o direito do voto, como todo cidadão, por outro, são muitas vezes obrigados a abrir mão, com grande tristeza, da participação na vida democrática do país. Isso porque outro direito tão importante quanto o primeiro encontra-se ofuscado: o de ir e vir.
Além da discriminação, os portadores de deficiência física têm de conviver com barreiras arquitetônicas que dificultam ainda mais o cotidiano além de uma atitude reprovável que mostra a total falta de consciência e educação de muitos motoristas em Nova Esperança. As reclamações não partem tão somente dos deficientes físicos, principalmente dos cadeirantes, mas também de mães que utilizam os carrinhos de bebês, pois ficam impossibilitadas de usarem as rampas de acesso por conta de veículos estacionados nas rampas para este fim.
Não é raro que novaesperancenses se deparem com motoristas comuns estacionando seus carros em vagas privativas, dificultando ou impedindo, com isso, que deficientes, idosos ou veículos específicos façam uso das devidas e tão escassas vagas. Uma situação infelizmente bastante comum é a de veículos estacionados em locais onde existem as rampas (guias rebaixadas) para acesso aos cadeirantes.
              O fato se repete todos os dias em quase todos os lugares, mas nas avenidas mais movimentadas como a 14 de dezembro, Brasil e Bento Munhoz da Rocha Neto e ainda em outros locais, as arbitrariedades se tornam facilmente percebidas.
Alguns motoristas chegam ao ponto de tamanha arrogância, que chegam até a destratar as pessoas que necessitam do espaço, quando elas, por vezes, reclamam. Uma dona de casa, que pediu para não se identificar conta que uma vez estava transitando na Rua Governador Bento Munhoz da Rocha Neto, nas proximidades da Praça da Igreja Católica e ao descer a calçada com o seu carro de bebê, percebeu que a rampa estava sendo obstruída por um automóvel. Ela, então, pediu, educadamente, ao motorista que liberasse o espaço. “Ele fechou o vidro e saiu rindo ironicamente. Estava com o carro vermelho”, relata.
DIREITO DE ACESSIBILIDADE
Nos dias de hoje a população e alguns empresários estão mudando seu jeito de ver as Pessoas com Necessidades Especiais (PNE), tanto em seus direitos de acessibilidade em locais públicos (de ir e vir), quanto na aceitação no mercado de trabalho.
    Porém para que essa acessibilidade seja adequada, os locais de acesso deveriam ser analisados pelos próprios cadeirantes, pois esses poderiam sugerir adaptações a serem feitas. Por possuirem estes, os membros superiores atrofiados, outra barreira a ser superada é o manuseio do aparelho locomotor (cadeira de rodas). Essa locomoção pode ser facilitada, com rampas menos inclinadas, sendo que o ideal é que seja de 10% para ser vencida. Temos que lembrar também que levar a cadeira por locais extensos, fadigará os braços que possuem atrofias. Portanto, o local de acesso e locais que devam ser frequentados pelo cadeirantes em seu ofício ou ambiente escolar devem ser próximos, como banheiros, bibliotecas, laboratórios, refeitórios entre outros.
    Essas adaptações se fazem necessárias em todos os lugares para que essas pessoas possam ter acesso, tanto nas escolas, casas, empresas (padarias, mercados, açougues, etc.) exercendo uma socialização destes com o meio.

Em entrevista à nossa reportagem, um cadeirante contou que vem enfrentando tremenda dificuldade para o acesso as rampas. “Todos os lugares que vou, principalmente, aqui no meu trabalho, os carros param na rampa e eu tenho que sair por cima das calçadas e pedir ajuda para as pessoas”, afirma. “Não podemos usufruir do nosso direito de ir e vir, por conta da falta de educação e pela desconsideração total de parte da nossa população”, desabafou.
DESAFIO
Atravessar uma avenida movimentada é um desafio tanto para o deficiente visual quanto ao cadeirante. Um deles precisa adivinhar quando os carros estão parados, já que o semáforo não é sonoro. O outro tem que se virar para descer a calçada, chegar até a faixa e atravessá-la, subindo a guia do outro lado que muitas vezes, mesmo rebaixada, existem veículos estacionados, impedindo o acesso destes.
Uma outra grande dificuldade dos cadeirantes é a inexistência de rampas de acesso ao comércio local. Quando eles precisam adentrar um estabelecimento, via de regra precisam solicitar a ajuda a um funcionário, que muitas das vezes está atendendo outro cliente. Em síntese, todos os edifícios públicos ou privados devem ter sua construção adaptada para que todas as pessoas com ou sem Necessidade Especial possam estar usufruindo destes, tendo a convicção e certeza que estão sendo reconhecidas com cidadãos, pois também pagam os impostos assim como as pessoas que não tem nenhuma limitação funcional. Seria muito importante, o ser humano ter mais compreensão, no seu agir, não pondo obstáculos para os cadeirantes em seu deslocamento em locais estabelecidos para essa população e não destruindo esses locais, garantindo o acesso a mobilidade em espaços  públicos e privados.
Alex Fernandes França
Jornal Noroeste

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