Deputados gastaram em 2011 menos do que no ano anterior, mas mesmo assim presidente insistiu em dar reajuste em verbas de gabinete
Nereu Moura, campeão de gastos em 2011: deputado diz que número é resultado de seu “estilo” de trabalhar, circulando pela base eleitoral |
O gasto médio dos deputados estaduais com a verba de ressarcimento caiu na comparação entre 2010 e 2011, o que mostra que não havia necessidade de aumento do subsídio, como determinou o presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB). A partir deste ano, a cota mensal para subsídio das atividades parlamentares passará de R$ 15 mil mensais para R$ 17,2 mil – também houve reajuste nas cotas de transporte aéreo e de telefone. Rossoni disse que o aumento de 14,6% era necessário porque o valor estava congelado desde julho de 2009. Com a mudança, a verba de ressarcimento custará R$ 1,5 milhão a mais aos cofres públicos por ano. Ao todo, o custo extra será de R$ 2,7 milhões.
Em 2010, os deputados gastaram em média R$ 14,7 mil, contra R$ 14,6 mil em 2011. O detalhamento desses valores mostra de forma mais clara que o aumento era desnecessário. Entre janeiro e novembro de 2010, a verba de ressarcimento média foi de R$ 14 mil. No mesmo período de 2011, o valor caiu para R$ 13,1 mil. Em dezembro de 2010, quando muitos parlamentares comemoravam a reeleição ou se despediam do trabalho na Assembleia, o gasto foi recorde: R$ 21,9 mil, em média. No último mês de 2011, o ressarcimento médio ficou em R$ 17,7 mil, queda de 19%.
Os deputados gastam mais em dezembro porque a verba de ressarcimento é acumulativa. Quando economizam em um mês, podem gastá-lo no outro. Portanto, o limite anual é, na realidade, o teto de R$ 180 mil por deputado. E, para não desperdiçar a verba a que tem direito, muitos parlamentares extrapolam no último mês. Apesar do recesso legislativo, não há restrição de gasto.
Com o reajuste concedido por Rossoni, a tendência é de que os deputados elevem os gastos, mesmo sem necessidade. “Esse aumento só tem conotação negativa. Se o valor não é gasto totalmente, não há necessidade de aumento”, observa o professor Denis Alcides Rezende, especialista em administração pública e professor do Doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Segundo ele, o valor de R$ 15 mil já era alto para subsidiar a atividade parlamentar. “O aumento vai de desencontro à necessidade de redução dos gastos e de maior transparência na máquina pública. Para o aspecto da gestão, quanto menos dinheiro for usado, melhor.”
De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná Fabrício Tomio, a alta nas despesas no fim do ano mostra que, na medida em que os deputados observam a disponibilidade dos recursos, tentam executá-los. Na avaliação do presidente da seção paranaense da OAB, José Lucio Glomb, o gasto maior no fim do ano mostra uma incongruência. “Revela a falta de um critério mais claro, porque jamais poderia oscilar dessa maneira. Com isso, passa a impressão de um planejamento artificial, já que dezembro é um mês normalmente de baixa produtividade na Assembleia”, critica.
Outro lado
O reajuste de 14,6% corresponde ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado entre julho de 2009 e o início de 2012. Valdir Rossoni vem ressaltando que os deputados podem economizar, e não são obrigados a gastar o valor total. Além disso, a assessoria da Assembleia ressaltou que o ressarcimento somente é pago após o parlamentar comprovar os gastos, e que nenhum valor é depositado previamente.
Veja os dados completos dos gastos dos deputados em http://www.gazetadopovo.com.br/dados/vidapublica/gastos
Rosana Félix e Vinicius Boreki
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá Leitor (a) do Blog Opinião do Zé!
Obrigado por participar e deixar este espaço ainda mais democrático...