A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Atuba Sul, localizada em Curitiba, além de tratar o esgoto doméstico de aproximadamente 370 mil habitantes conta com dois novos processos, de extrema importância para o meio ambiente
A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Atuba Sul, localizada em Curitiba, além de tratar o esgoto doméstico de aproximadamente 370 mil habitantes vai contar com dois novos processos, de extrema importância para o meio ambiente. A ETE Atuba Sul está sendo preparada para permitir o aproveitamento energético dos subprodutos do tratamento do esgoto, como o gás metano - que será utilizado na geração de energia elétrica e energia térmica – e o reaproveitamento da água.
As obras civis para implantar o processo de reúso da água já foram concluídas, com investimento da ordem de R$ 1,3 milhão. A estação que irá tratar a água de reúso também está pronta. Até julho deste ano, devem ser concluídos o laboratório, as instalações elétricas e colocados em teste os equipamentos de tratamento.
Os projetos executivo, estrutural e elétrico para aproveitamento energético estão sendo contratados. A expectativa é que o sistema entre em operação em março de 2010. Os investimentos previstos são de R$ 1,2 milhão.
Os projetos de aproveitamento de energia renovável pela Sanepar são desenvolvidos sob coordenação da diretora de Meio Ambiente e Ação Social da empresa, Maria Arlete Rosa, e integram um programa que envolve a Copel, Itaipu Binacional e outros parceiros. Para tanto, recentemente a Sanepar recebeu autorização da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para o ingresso da energia gerada através do esgoto na rede de distribuição.
REÚSO – Um dos mais volumosos subprodutos do tratamento do esgoto é a parte líquida, chamada de efluente. Este líquido, após passar por novo tratamento, pode ser utilizado, por exemplo, em plantas industriais; na irrigação agrícola; em paisagismo, para irrigação de grama e jardins, e ainda na lavagem de ruas.
Inicialmente serão tratados 15 litros por segundo do efluente gerado com tecnologia anaeróbica e físico-química. Para tornar-se água de reúso, o efluente será tratado com ozônio. Também será utilizado carvão ativo granulado, para retirar os compostos presentes no efluente. Em laboratório, serão pesquisadas, a partir de julho, as condições de tratabilidade para essa água e as complementações necessárias.
Os técnicos da Sanepar também planejam pesquisar outros procedimentos, entre eles, como retirar compostos como amônia e cloreto para permitir reúso mais nobre desta água.
A estação responsável pelo tratamento do efluente é composta de câmara de ozonização com capacidade para 15 metros cúbicos, floco-decantador acelerado de manto de lodo e filtro rápido por gravidade de dupla camada de areia e antracito de 15 litros por segundo, tanque de sucção de 6 metros cúbicos, câmara de contato para cloração de 25 metros cúbicos, filtro de carvão ativado granular, câmara de contato e lavagem de filtros de 50 metros cúbicos e reservatório com o mesmo volume.
Durante as pesquisas, a produção dos 15 litros por segundo de água de reúso será consumida na própria ETE Atuba Sul.
ENERGIA – Segundo o presidente da Sanepar, Stênio Jacob, a empresa está buscando alternativas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, e também os custos com energia elétrica. Os estudos apontam que esta unidade poderá deixar de emitir anualmente cerca de 18 mil toneladas de gás carbônico equivalente, contribuindo para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, internalizando o conceito de sustentabilidade no setor de saneamento básico.
“Com o aproveitamento energético do biogás devemos gerar energia elétrica suficiente para tratar todo o esgoto que chega à estação e energia térmica para secar o lodo gerado no processo de tratamento do esgoto”, informa Stênio. “A nossa expectativa é que a ETE Atuba Sul se torne autossuficiente em energia elétrica e, no futuro, possa gerar excedente a ser comercializado para a Copel.” A estação consumiu, em 2008, uma média de 90.000 kWh/mês.
Projeto semelhante foi implantado na Estação de Tratamento de Esgoto Ouro Verde, em Foz do Iguaçu. Desde o ano passado aquela unidade produz energia elétrica, inclusive com certificação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A energia produzida e consumida pela ETE supera a necessidade, por isso, o excedente será vendido para a Copel, a partir de julho deste ano.
BIOGÁS – A ETE Atuba Sul trata atualmente cerca de 800 litros por segundo de esgoto doméstico pelo processo de digestão anaeróbia. Um de seus subprodutos deste processo é o biogás. O biogás é uma mistura de vários gases, sendo o mais importante o gás metano. Sua importância se deve a dois fatores: primeiro o de possuir alto poder calorífico, podendo ser utilizado como combustível para gerar energia térmica, mecânica ou elétrica. O segundo, é que o metano é um dos principais gases de efeito estufa, causador do aquecimento global.
A ETE Atuba Sul produz diariamente cerca de 4 mil metros cúbicos de metano e, aproximadamente, 840 toneladas de lodo por ano. O lodo, após higienizado, é aplicado na agricultura. Com a instalação do sistema de secagem térmica de lodo, por meio da queima do biogás, haverá redução nos gastos com higienização e transporte do lodo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá Leitor (a) do Blog Opinião do Zé!
Obrigado por participar e deixar este espaço ainda mais democrático...