quarta-feira, 17 de outubro de 2012

::: LARANJA MECÂNICA - Quadrilha com sede em Maringá teria desviado R$ 1,5 bilhão

 
 
 
 
 
 
Na manhã desta quarta-feira, a Polícia Federal apreendeu documentos, computadores e carros de luxo. Esquema teria sede em Maringá, mas teria se estendido para outras cidades paranaenses e estados
 
A Operação Laranja Mecânica, da Polícia Federal (PF), cumpriu, na manhã desta quarta-feira (17), 45 mandados de busca e apreensão e 35 conduções coercitivas, em pelo menos três municípios do Paraná: Maringá, Mandaguari e Curitiba.
De acordo com a PF, a operação teve o objetivo de desarticular uma grande organização criminosa que teria sede em Maringá e que se dedicaria à sonegação fiscal e à lavagem de dinheiro, desviando até R$ 1,5 bilhão. Entre as medidas cautelares expedidas pela Justiça Federal estão o bloqueio de mais de 150 veículos e a busca, apreensão e bloqueio de duas aeronaves utilizadas pela quadrilha.
Níveis de "laranjas"
A Polícia Federal (PF) classificou em três níveis os 500 “laranjas” envolvidos no esquema:
- Nível 1 - pessoas com conhecimento pleno e que autorizavam a utilização de seus nomes no esquema.
- Nível 2 - pessoas que desconheciam a totalidade do esquema, mas que autorizavam a utilização de seus nomes em negócios da família investigada.
- Nível 3 - Desconheciam o esquema e a utilização de seus nomes.

De acordo com a PF, os funcionários da família envolvidos no esquema foram classificados entre os níveis 1 e 2.
"A organização utilizava centenas de pessoas nesse esquema. Algumas tinham relação direta com a família, outras não possuem relação aparente, mas têm débito em seus nomes. Outras, ainda, sequer sabiam da existência das empresas ou dos movimentos do grupo”, afirmou o delegado da Receita Federal, Vagner Lopes.
 
A operação ocorreu também em pelo menos outros nove estados: além do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Na operação, uma quantidade relevante de documentos, além de computadores e pelo menos 15 carros de luxos foram apreendidos em Maringá. Uma das aeronaves foi localizada em um aeroporto de São Paulo. De acordo com a PF, as aeronaves, modelos Bonanza 6336 e Pilatus PC, estariam avaliadas em R$ 500 mil cada. Segundo a polícia, essas seriam algumas das provas do esquema.
Sem prisões
De acordo com a assessoria de imprensa da PF, não houve prisão porque o objetivo da operação é reunir o maior número de documentos que comprovem o esquema, atendendo assim a um novo tipo de abordagem da corporação, especialmente em casos de crimes fiscais.
A investigação, que começou em 2008, juntamente da Receita Federal, apurou que integrantes de uma família maringaense constituíram diversas empresas, principalmente no ramo de autopeças, utilizando-se de “laranjas” para se desvincularem das pessoas jurídicas.
“À vista de qualquer atuação dos órgãos fiscais, eles abandonavam as empresas. Muitas vezes, utilizavam o mesmo imóvel, só trocando a fachada, utilizando novos ‘laranjas’ e continuando a atividade, possibilitando angariar um patrimônio gigantesco. Esperamos que com os bloqueios, a gente possa recuperar grande parte desta sonegação fiscal”, explicou o coordenador da operação em Maringá, Alex Sander Dias.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (17), a PF afirmou que mais de 500 "laranjas", além de dez pessoas da mesma família - que estariam à frente do esquema - devem responder aos processos em liberdade. "Esperamos que essas pessoas sejam condenadas a partir do farto material probatório colhido", salientou Dias.
A PF explicou que entre os "laranjas" havia pessoas que autorizaram a utilização dos próprios nomes no esquema e outras que dizem desconhecê-lo.
A organização utilizava cerca de 400 empresas de fachada, 40 delas envolvidas diretamente no esquema, em quase todos os estados brasileiros, de acordo com informações divulgadas pela durante a coletiva de imprensa.
Investigações
Conforme a Receita Federal, nos últimos 10 anos, diversas ações fiscais foram movidas contra 25 empresas do grupo, cujos créditos tributários em dívida ativa se aproximam de R$ 112 milhões. Os primeiros indícios do esquema foram levantados em 1995 pela Receita Federal. No entanto, a investigação em parceria com a Polícia Federal só teve início em 2008.
De acordo com a Receita, os principais membros da família montaram um esquema fraudulento de planejamento tributário e de blindagem patrimonial com o fim de se distanciarem da responsabilidade solidária do passivo tributário e, a partir de então, ocultarem-se totalmente com o uso de empresas comerciais, descartadas de tempos em tempos, todas, sem exceção, em nome de "laranjas”.
Ainda, para dissimular a expressiva movimentação financeira da organização criminosa, o esquema constituiu e passou a utilizar fraudulentamente ao menos quatorze empresas de “factoring” - também com sócios “laranjas” – cujas contas bancárias funcionavam como “caixa centralizador” do esquema, tanto para cobranças dos clientes como para pagamentos pelo grupo econômico das aquisições de autopeças junto às indústrias fornecedoras.
Algumas destas “factorings” de fachada foram fiscalizadas recentemente pela Receita, cujos valores lançados também se encontram em dívida ativa na ordem de R$ 26 milhões.Na manhã desta quarta-feira, a polícia apreendeu documentos, computadores e carros de luxo na cidade e na região. Esquema teria desviado cerca de R$ 1,5 bilhão no país


A Operação Laranja Mecânica, da Polícia Federal (PF), cumpre, na manhã desta quarta-feira (17), 45 mandados de busca e apreensão e 35 condições coercitivas - depoimentos que tem de ser cumpridos ao longo do dia-, em pelo menos três municípios do Paraná: Maringá, Mandaguari e Curitiba. De acordo com a PF, a operação tem o objetivo de desarticular uma grande organização criminosa, sediada em Maringá, dedicada à sonegação fiscal e à lavagem de dinheiro.
A operação ocorre também em pelo menos outros nove estados: além do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Bahia, Espiríto Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. De acordo com a PF, o desvio e a sonegação ultrapassariam o valor de R$ 1,5 bilhão em todo país.
Até às 8h30 desta quarta-feira (17), uma quantidade gigantesca de documentos, além de computadores e carros de luxos foram apreendidos em Maringá. De acordo com a PF, essas seriam algumas das provas do esquema. A polícia procura ainda dois jatinhos particulares que seriam utilizados pela quadrilha.
Em nota, a PF informou que as investigações, realizadas em conjunto com a Receita Federal, foram iniciadas em 2008 e apurou que integrantes de uma família maringaense constituíram diversas empresas, no ramo de autopeças, utilizando-se de interpostas pessoas, ou “laranjas”, para se desvincularem das pessoas jurídicas.
“Assim, incorreram em gigantesca sonegação fiscal e, à vista de qualquer ação fiscalizadora, prontamente abandonavam as empresas à responsabilidade dos ‘laranjas’”, de acordo com a nota da PF.
A polícia informou ainda que foi verificada uma rede de aproximadamente 400 empresas, com utilização de 500 “laranjas”, em diferentes estados.
 




Tatiane Salvatico e Marcus Ayres - Gazeta Maringá

Um comentário:

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