De acordo com a Polícia Federal (PF), família acusada se estar à frente de quadrilha vai responder pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e falsidade ideológica
A família acusada de liderar a quadrilha que desviou R$ 1,5 bilhão pode pegar até 23 anos de cadeia se condenada pela Justiça. De acordo com a Polícia Federal (PF), os principais suspeitos de envolvimento na organização, com sede em Maringá, vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e falsidade ideológica.
Além dos quatro crimes, a PF informou que um possível descaminho de veículo do Paraguai também está sendo investigado. “Há possibilidade de o veículo ter sido importado irregularmente, mas ainda vamos verificar o registro”, explicou o delegado da PF responsável pela Operação Laranja Mecânica, Alex Sander Dias. Se comprovado o quinto crime, a pena dos principais envolvidos pode subir para até 27 anos.
Dias comentou que as consequências geradas pelos crimes podem pesar no julgamento. Segundo ele, o mercado financeiro foi afetado pelas empresas comandadas por “laranjas” porque o preço praticado era desleal. Além disso, ele citou que alguns “laranjas” nem sequer sabiam da inclusão dos nomes deles em grandes empresas, o que os impossibilitaria de receber benefícios federais como o Bolsa Família.
“O lapso temporal também é muito grande. As irregularidades aconteciam desde a década de 1990 e o montante gerado é de quase R$ 1,5 bilhão. Isso também pode pesar no julgamento”, comentou Dias.
Depoimentos
A PF informou que dos 35 depoimentos que deveriam ter sido colhidos em Maringá, Mandaguari e Curitiba na quarta-feira (18), 29 foram, de fato, registrados. Segundo Dias, todas as vezes em que um membro da família acusada chegou para dar depoimento, prevaleceu o silêncio. Ninguém quis responder às perguntas.
“Alguns não foram encontrados porque estão no exterior”, declarou. “Alguns gerentes administrativos, porém, disseram que já ouviram falar que algumas empresas estavam vinculadas à família.” Dias ainda afirmou que em muitos momentos houve contradição nas respostas.
Entenda o caso
A Operação Laranja Mecânica ocorreu na quarta-feira (17) em nove estados: além do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Documentos, carros e até aeronaves foram apreendidos.
A investigação, que começou em 2008, juntamente com a Receita Federal, apurou que integrantes de uma família maringaense constituíram diversas empresas, principalmente no ramo de autopeças, utilizando-se de “laranjas” para se desvincularem das pessoas jurídicas.
“À vista de qualquer atuação dos órgãos fiscais, eles abandonavam as empresas. Muitas vezes, utilizavam o mesmo imóvel, só trocando a fachada, utilizando novos ‘laranjas’ e continuando a atividade, possibilitando angariar um patrimônio gigantesco. Esperamos que com os bloqueios, a gente possa recuperar grande parte desta sonegação fiscal”, explicou Dias.
A PF afirmou que mais de 500 "laranjas", além de dez pessoas da mesma família (à frente do esquema) devem responder aos processos em liberdade. "Esperamos que essas pessoas sejam condenadas a partir do farto material probatório colhido", salientou Dias.
A PF explicou que entre os "laranjas" havia pessoas que autorizaram a utilização dos próprios nomes no esquema e outras que disseram desconhecê-lo.
A organização utilizava cerca de 400 empresas de fachada, 40 delas envolvidas diretamente no esquema, em quase todos os estados brasileiros, de acordo com informações divulgadas pela durante a coletiva de imprensa.
William Kayser - Gazeta Maringá
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