segunda-feira, 15 de outubro de 2012

::: OPINIÃO - E agora, Gerson?


O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987) é um dos nomes mais lembrados da literatura brasileira, quem sabe todos conhecem o inicío do seu poema: ‘José’ que nos diz: “E agora, José? A festa acabou...”

            Parafraseando Drummond, “E agora, Gerson? A eleição acabou...”, porém ainda não é esse trecho do poema que me chama a atenção mas sim ainda na primeira estrofe quando o poeta diz: “Você que é sem nome..., que ama, protesta?”. Quando o autor escreveu essas frases ele referia a sua vida, na década de 40. Passados 72 anos remeto ao poeta para um reflexo da votação do dia 07 de outubro.

            Em uma análise das eleições anteriores de Nova Esperança em 1996, José Benatti (PMDB) foi eleito com 6.678 votos ou 48,24% dos votos válidos. Em 2000, Gerson Zanusso (PSC) foi eleito com 5.301 votos ou 34,43% dos votos válidos. Já em 2004, Maly Benatti (PSDB) foi eleita com 7.890 votos ou 49,92% dos votos válidos. Nas eleições de 2008, Maly Benatti (PMDB) reelegeu com 7.436 votos ou 46,47% dos votos válidos. E agora, Gerson Zanusso (PSD) é eleito com 9.728 votos ou 58,87% dos votos válidos.

 

            A votação de 2012 superou todas as eleições anterioes aqui citadas. É obvio que o número de eleitores era menor porém a porcentagem de votos válidos  deve ser considerada, e o leitor pode observar que é difícil o candidato conquistar mais que 50% do eleitorado, fato que Gerson Zanusso conseguiu na votação de 07 de outubro.

           

            O resultado reflete a soma de muitas coisas: popularidade, carisma, organização de grupo, força política e muita articulação nos bastidores. Em 2000 quando Gerson Zanusso ganhou pela primeira vez o comentário da época foi que houve uma divisão do grupo político da situação, pois naquela eleição, Silvio Chaves (PMDB) disputou a eleição fazendo 3.465 votos ou 22,51% dos votos válidos e José Benatti (PSDB) 4.119 votos ou 26,75% dos votos válidos. A matemática das eleições em 2000 era que Benatti e Silvio juntos somariam mais de 7.500 votos.

 

            Em 2004 houve novamente a união do grupo que manteve Maly Benatti na prefeitura por dois mandatos, esse último que se encerra no dia 31 de dezembro. O que aconteceu que os mais de 7.000 votos do grupo reduziram aos 4.905 votos ou 29,68% dos votos válidos obtidos por Junior Moser (PSDB) já que o grupo aparentemente é o mesmo? A mesma pergunta cabe a Moacir Olivatti (PPS) que em 2004 obteve 7.140 votos ou 45,17% dos votos válidos e nesta eleição caiu para 1.150 votos ou 6,96% votos válidos.

           

            Em 2004 Moacir Olivatti teve o apoio dos seguintes partidos:  PTB / PSL / PSC / PPS / PFL/ PHS, já Maly Benatti foi eleita com a ajuda de: PSDB / PMDB / PL / PV. Alguns partidos mudaram a sigla mas seus líderes continuam os mesmos. O PTB e o PSC  que estiveram juntos com Olivatti em 2004, nesta eleição apoiáram Junior Moser (PSDB) juntamente com o PMDB e PV. Já o PSL e o DEM  antigo PFL juntamente com o PR antigo PL apoiáram Gerson Zanusso. Dos apoios a Moacir em 2004 sobrou o PHS e acrescentou o apoio do PT e PP.

            Alguns nomes se destacam nesta vitória de Gerson Zanusso como novos estrategistas políticos de Nova Esperança, o empresário Eduardo Pasquini que após inúmeros embates na justiça pela presidência do PSDB com o objetivo de assegurar sua candidatura optou por apoiar a candidatura de Gerson e Fabio, candidatura essa que ganhou as ruas já em agosto, além dele, Leandro Cardoso, Bel Cardoso, Edson Elias de Andrade, Roberto Pasquini e inúmeras pessoas que coordenaram a campanha.

            O fato é que o grupo que tem como grande líder o ex-deputado Basílio Zanusso saiu fortalecido desta eleição com uma votação expressiva. Na eleição de 2008 o PR (Partido da República) que é presidido pelo advogado Edson Elias de Andrade ajudou a eleger a prefeita Maly. O vice-prefeito de Gerson Zanusso, advogado e vereador Fabio Yamamoto também pertencia ao grupo da situação e hoje é oposição. Leandro Cardoso e Bel Cardoso já no final do primeiro mandato da atual administração romperam com o grupo e começaram a montar um novo grupo de oposição em Nova Esperança. Eduardo Pasquini um grande articulador, também é um dos nomes que saí vitorioso deste pleito com uma vantagem, quem sabe até para uma disputa para a Câmara Federal em 2014, já que possui amizade com o deputado estadual Evandro Junior e existe a possibilidade de uma “dobradinha”, Pasquini tem livre acesso com o governador Beto Richa e terá o apoio do prefeito Gerson Zanusso em sua eventual campanha. 

            E agora, Gerson? 9.728 votos, a responsabilidade é enorme diante do povo de Nova Esperança.

            Por melhor que tenha trabalhado uma administração, asfaltando ruas, proporcionando infraestrutura, construído e reformando escolas, investindo em todas as áreas que as pessoas sonham e necessitam, se o lado humano para operacionalizar com um atendimento de qualidade e pessoas comprometidas e dedicadas em algum momento pecou, a política tende a se misturar com o futebol e a ser igual ao meu Palmeiras que não joga com a mesma raça e vontade que o vi jogar em 93/94 mas apenas cumpre tabela e luta para não ser rebaixado...

            A diferença é que no futebol os torcedores gritam, vibram, os mais exaltados xingam mas não entram em campo, já na política quem sabe o poema bem traduz: “Você que é sem nome..., que ama, protesta?”. As pessoas consideradas “anônimas”, amam também e protestam no voto pela mudança... e após o resultado das urnas fica a pergunta: E agora, Gerson? Acabou a política e você foi aprovado nas urnas com a maioria dos votos. Aos 6.796 eleitores que optaram por outros candidatos parabéns pela escolha pois a democracia é isso, é a liberdade de escolha. Nova Esperança após a eleição é apenas uma, a soma de forças fará esta cidade cada dia melhor.

 

“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus”.

Romanos 13:1

 

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