quarta-feira, 22 de agosto de 2012

::: FUTEBOL - 20% dos jogadores brasileiros de futebol estão sem clube

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Grande maioria das pessoas que calçam as chuteiras para ganhar a vida é formada por operário da bola
O crescimento e a estabilidade econômica do Brasil pertimiram aos clubes concorrer com maior igualdade de condições com equipes de parte da Europa na briga por jogadores. Tanto que o Internacional trouxe o uruguaio Diego Forlán, o Botafogo contratou o holandês Clarence Seedorf e o Santos consegue manter em seu elenco uma das estrelas do futebol mundial atual, Neymar. São jogadores que ganham uma fortuna, algo que muitos executivos de gigantes multinacionais nem sonham em receber.

Porém, os milionários são poucos. A grande maioria das pessoas que calçam as chuteiras para ganhar a vida é formada por operário da bola, com salário que mal dá para sustentar a família. Mas há ainda um grupo à parte, uma camada considerável dos boleiros, que tem um adversário complicado no dia a dia: o fantasma do desemprego.

A partir de hoje, a FOLHA mostra como é esse quadro e conta algumas histórias de atletas que viram o sonho de fazer fortuna com a bola virar pesadelo.

A Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf), não tem números exatos sobre o assunto, mas trabalha com estimativas. Baseada nos registros de jogadores na CBF e nas transferências internacionais, ela calcula que existam aproximadamente 25 mil jogadores brasileiros. De acordo com a entidade, é possível que 20% desses boleiros estejam desempregados, quase o dobro do desemprego registrado no Brasil em junho, que, de acordo com o Dieese e a Fundação Seade, foi de 10,5%.

''É difícil ter um dado exato sobre o assunto. Às vezes o cara fala que está desempregado, mas nunca jogou. A gente precisaria de dados para fazer esse cálculo. Mas acredito que seria algo em torno de 20%'', afirmou Rinaldo Martorelli, que preside a Fenapaf e o Sindicato de São Paulo.

Ele contou que chegou a tentar fazer um levantamento, mas não foi possível. ''Cheguei a falar com o Dieese, mas me disseram que era impossível. É meio que subjetivo. O primeiro ponto é saber quem realmente é jogador de futebol'', apontou. ''Se formos contar os caras que se julgam jogadores, aí esse número sobe''.

Segundo Martorelli, são muitos os fatores que contribuem para o desempego alto no futebol. Entre eles, o encurtamento dos estaduais. No Paraná e em alguns outros estados, os clubes pequenos, que não estão em nenhuma das quatro divisões do Campeonato Brasileiro, têm calendário de três meses apenas no ano, o que faz com que dispensem os jogadores e fiquem inativos por seis ou mais meses, fechando vagas de trabalho. ''E ainda defendem que os Estaduais terminem'', disse Martorelli, em tom de reprovação.

Ele aponta ainda o sonho de muitos pais de mudar de vida tendo um filho jogador de futebol para esse número elevado. A ilusão do dinheiro fácil da bola acaba colocando mais um desempregado sem qualificação no mercado. ''Qualquer moleque de 7 anos que sabe jogar bola o pai já acha que é jogador e não é assim'', frisou.

Martoreli espera realizar um encontro, ainda em 2012, com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B), para discutir regras mais rígidas para definir a profissão de jogador de futebol. Ele sugere até exigir que o atleta conclua o segundo grau.

Thiago Mossini
Reportagem Local - Folha de Londrina

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