Tudo bem… “Não gostamos de política” é amplo demais. Estou generalizando. Mas, vamos combinar, é só um título, ok?
Eu gosto de político. Me interesso pelo assunto. Mas escrevo cada vez menos sobre política. Política agora é tema profissional. Falo no rádio e na sala de aula. Em papo informal, quando não há saída e a conversa descamba para alguma questão inevitável. Aqui no blog, já tratei do tema várias vezes. De vez em quando, tenho recaídas. Mas nunca é minha prioridade. Prefiro falar de gente, porque é justamente pensando em como somos que percebo nossa pouca maturidade e compreensão das questões políticas.
Nos papos informais, política quase sempre é tratada de forma genérica, rasa. Entrar nessas discussões pode te fazer ser visto como arrogante (“o sabe tudo”) ou como alguém que nada sabe, o chato de plantão. Às vezes, é melhor silenciar-se.
Lamentavelmente, há pouco interesse no assunto. E muitas das discussões existentes são superficiais demais. Em política, vive-se o reino do “lugar-comum”.
Gente com formação universitária vive alheia a esse universo, que determina o rumo de nossas vidas. Em sala de aula, vejo futuros jornalistas que sentem aversão aos temas políticos.
Meses atrás passei uma atividade numa de minhas aulas. Precisavam escrever apenas três parágrafos sobre um tema bem simples. Não saiu nada. Uma confusão só. Os textos nada diziam.
O exemplo do blog não é muito diferente. Quando escrevia mais sobre o tema, encontrava eco às reflexões junto a alguns poucos leitores. Mesmos os posts mais acessados raramente rendiam algum tipo de debate produtivo. Quase sempre o foco eram pessoas – os políticos citados no post ou a posição deste jornalista; raramente era o conteúdo (causas e consequências).
Isso me faz lembrar de um papo que acabei interrompendo dias atrás. O sujeito dizia:
- Aqui no Brasil nada dá certo.
Ele apontava a superioridade de outras nações e desqualificava nosso país.
Vi-me obrigado a participar da discussão e resumi-la:
- O problema do Brasil não é o Brasil. O país é feito de gente. O problema somos nós. Não temos compromisso coletivo. Nossa visão é mesquinha, tacanha. Reclamamos, mas, se tivermos uma chance, também tiramos vantagem da situação.
Assim acontece com a política. Tudo que dizemos sobre política é:
- Os políticos são todos corruptos.
Talvez até exista uma verdade parcial nisso. Mas será que eles não refletem o nosso caráter? Eles são só um recorte de uma realidade da qual todos nós fazemos parte.
Jornalista Ronaldo Nezo
::: INTERATIVIDADE :::
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