O processo contra o senador, acusado de quebra de decoro por envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, foi encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça e deve ser apreciado pelo plenário do Senado em 11 de julho
Alvaro Dias, Sérgio Souza e Roberto Requião
Os três senadores do Paraná dizem que vão votar pela cassação de Demóstenes Torres (sem partido-GO). O processo contra o senador, acusado de quebra de decoro por envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, foi encaminhado ontem à Comissão de Constituição e Justiça e deve ser apreciado pelo plenário do Senado em 11 de julho. Na segunda-feira à noite, o Conselho de Ética aprovou por unanimidade o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que propõe a perda de mandato e aponta Demóstenes como “despachante de luxo” dos interesses de Cachoeira no Congresso.
O paranaense Sérgio Souza (PMDB) esteve entre os 15 membros do conselho que participaram do julgamento. “O Demóstenes decepcionou não só o Parlamento, mas toda a sociedade brasileira”, afirma Souza. Ele promete manter o posicionamento em plenário.
Sigilo da votação
Perda de mandato deve ser votada antes da PEC do Voto AbertoSe o Senado cumprir o calendário combinado ontem entre os líderes partidários, a cassação de Demóstenes Torres será apreciada em plenário antes da possível aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que prevê o fim do voto secreto. A PEC está pronta para ser votada pelo plenário do Senado e pode entrar na pauta desta semana. No entanto, se aprovada, ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados antes de virar lei.
“A chance de a PEC ser aprovada ainda neste semestre é pequena, mas o que importa é que ela saia da gaveta”, diz o senador Alvaro Dias. De acordo com a Constituição, as votações da Câmara e do Senado são sigilosas em três situações: processo por quebra de decoro parlamentar, escolha de autoridades e na eleição para a mesa diretora. A tendência é que o texto aprovado em plenário acabe apenas com o sigilo nas votações de quebra de decoro, mas mantenha para os outros dois casos.
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O senador prevê que não há clima para Demóstenes ser absolvido, apesar de a votação ser secreta. “Ele está tentando se defender pelo lado emocional, dizendo que é uma vítima. Alguns podem se comover, mas eles vão estar bem longe da maioria.”
Souza revela que recebeu Demóstenes em seu gabinete antes da decisão do conselho. Segundo ele, o senador goiano enfatizou as dificuldades familiares, que estava com depressão e que não tinha mais perspectiva política e profissional em caso de cassação. “Acredito que ele vai tentar falar pessoalmente com todos os senadores antes do julgamento no plenário.”
Serviçal do crime
Parceiro de Demóstenes na oposição aos governos Lula e Dilma Rousseff, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, diz que a proximidade no passado não vai interferir no seu voto. “Ele, lastimavelmente, se transformou em um serviçal de uma organização criminosa. Nós não temos outra alternativa a não ser votar pela cassação”, disse o tucano, que assim como Souza é membro da CPMI que investiga a ligação de políticos com Cachoeira.
Terceiro paranaense no Senado, Roberto Requião (PMDB) afirma que vai seguir os colegas e votar pela perda de mandato de Demóstenes. “Voto pela cassação. E não vejo qualquer chance de absolvição com todo esse cerco montado pela mídia em torno do caso”, diz Requião.
André Gonçalves, correspondente - Gazeta do Povo
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