quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

::: PERDA - Zilda Arns defendia educação como forma de combate à marginalidade


Nascida em 1934, ela era representante da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e fundadora também da Pastoral da Pessoa Idosa. Zilda ainda era membro do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Tia do senador Flávio Arns (PSDB-PR), viúva e mãe de cinco filhos, ela era empenhada em causas ligadas ao combate à mortalidade infantil, desnutrição e violência familiar. Ela chegou a ser indicada ao prêmio Nobel da Paz em 2006 e recebeu outros diversos prêmios.
Zilda acreditava que a educação é a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças. Desenvolveu uma metodologia própria de lidar com a solidariedade entre as famílias mais pobres. Costumava citar sempre o milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram 5.000 pessoas, como narra o Evangelho de São João. A Pastoral da Criança, Zilda criou em 1983 juntamente com Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo primaz de Salvador (BA) e presidente da CNBB. No mesmo ano, deu início à experiência de um projeto-piloto em Florestópolis, no Paraná.
Em 27 anos de trabalho, a Pastoral conta com a ajuda de mais de 260 mil voluntários e atende quase 2 milhões de gestantes e crianças menores de seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios brasileiros. Em 2008, mais de 1,9 milhão de gestantes e crianças menores de seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres foram acompanhados pela ONG em 4.063 municípios brasileiros. Ao todo, a Pastoral conta com mais de 260 mil voluntários que levam conhecimentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres.Zilda Arns era cidadã honorária de 10 estados e 35 municípios.
Além disso, entre os prêmios internacionais recebidos por ela estão o Prêmio "Heroína da Saúde Pública das Américas", concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde, em 2002; o Prêmio Social 2005 da Câmara de Comércio Brasil-Espanha; a Medalha "Simón Bolívar", da Câmara Internacional de Pesquisa e Integração Social, em 2000; o Prêmio Humanitário 1997 do Lions Club Internacional; e o Prêmio Internacional da OPAS em Administração Sanitária, 1994.
Família espera corpo de Zilda Arns

O corpo da médica e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns Neumann, de 75 anos, que morreu no terremoto que atingiu o Haiti na noite de terça-feira (12), deve chegar ao Brasil até sexta (15). O sobrinho de Zilda, o senador Flávio Arns (PSDB-PR) chegou na quarta (13) a Porto Príncipe, junto com a comitiva liderada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Zilda estava no Haiti em uma missão humanitária. Ela morreu dentro de uma igreja, logo após proferir um discurso (leia a íntegra do discurso). Nesta quinta-feira (14), o senador Flávio Arns descreveu, em nota no site da Pastoral da Criança, as circunstâncias da morte da médica: "A Dra. Zilda estava em uma igreja, onde proferiu uma palestra para cerca de 150 pessoas. Ela já tinha acabado seu discurso e estava conversando com um sacerdote, que queria mais informações sobre o trabalho da Pastoral da Criança. De repente, começou o tremor. O padre que estava conversando com ela, deu um passo para o lado e a Dra. Zilda recuou um passo e foi atingida diretamente na cabeça, quando o teto desabou. Ela morreu na hora. A Dra. Zilda não ficou soterrada. O resto do corpo não sofreu ferimentos, somente a cabeça foi atingida. O sacerdote que conversava com ela sobreviveu. Já outros quinze sacerdotes que estavam próximos a ela faleceram”.
Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo e irmão de Zilda, afirmou, segundo sua secretária pessoal, que a irmã “está no coração de Deus”. "Ele disse que é uma morte que surpreende, mas é uma morte bonita porque ela morre no cumprimento de uma causa que sempre acreditou", afirmou irmã Devanir, a secretária do arcebispo.

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