É lei, mas a grande maioria dos hospitais visitados pela Gazeta do Povo não expõe, aos pacientes que chegam à recepção, quantos leitos estão disponíveis no momento. A exigência está em vigor em todo o Paraná desde o final do ano passado, mas muitas unidades de saúde dizem desconhecer a determinação. Mesmo ainda pouco disseminada e não fiscalizada, a iniciativa paranaense de obrigar os hospitais a comunicar a oferta de leitos chamou a atenção do Ministério da Saúde, que estuda a viabilidade de reproduzir a norma para todo o país.
O autor do projeto de lei, deputado estadual Marcelo Rangel (PPS), conta que decidiu apresentar a proposta porque recebia informações de que hospitais negavam internação a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas cediam vaga para doentes dispostos a pagar pelo internamento ou que dispunham de plano de saúde. “As pessoas têm o direito de saber se o hospital está lotado ou não”, argumenta o deputado. Integrante de uma comissão parlamentar de inquérito que investiga a aplicação de recursos do SUS no Paraná, Rangel relata que visitou hospitais que diziam não ter vagas, mas encontrou leitos disponíveis.Auditorias periódicas
O deputado ressaltou que as unidades de saúde passam por auditorias periódicas e que, se os fiscais não encontrassem o mesmo número de leitos informados em placar na recepção, o hospital poderia receber sanções. “Os próprios pacientes podem ajudar a fazer o controle das vagas”, acredita. Para Rangel, se todos os hospitais estiverem lotados e a informação estiver exposta para o conhecimento de todos, ficará evidente a necessidade de criação de novas vagas. De 20 hospitais visitados pela comissão parlamentar, apenas dois têm o número de leitos disponíveis expostos na recepção. “Falei aos diretores que estavam descumprindo a lei”, disse.
O autor do projeto que virou lei reconhece que um papel colado na recepção de um hospital não é suficiente para garantir leito para quem precisa de atendimento. “Precisa, sim, de um sistema informatizado”, diz. O que não dá para continuar, na opinião de Rangel, é uma central telefonando para as unidades em busca de vagas. A Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar) informou que ainda não decidiu se tomará alguma medida sobre a lei estadual, mas recomenda às unidades de saúde que
Katia Brembatti - Gazeta do Povo
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