quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

::: AGRICULTURA - Feijão de graça em Pitanga

Revoltado com preço abaixo do custo, produtor dá alimento a quem quiser buscar na zona rural

Os moradores de Pitanga, no centro do mapa do Paraná, conseguem feijão de graça se tiverem como buscar o alimento na zona rural. Em protesto contra a queda nos preços, os agricultores estão doando a produção para a população. Eles justificam a decisão radical dizendo que o custo da lavoura chega ao dobro do valor que o mercado oferece por saca de 60 quilos.
“Quando plantei, paguei R$ 300 a saca de semente. O governo prometia pagar o preço mínimo de R$ 80 na colheita, mas hoje nem mesmo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) quer comprar. Não sei o que fazer com tanto feijão, que começa a estragar nos próximos dias. Pelo visto, terei prejuízo de novo. Me oferecem R$ 40 por saca”, diz o produtor Maurício Stipp.

A Conab informa estar programando leilões, mas antecipa que não vai comprar toda a produção excedente, porque também tem feijão de sobra. Só no Paraná, há cerca de 75 mil toneladas a serem distribuídas em programas sociais. O estado é o maior produtor no país.
A dona de casa Iria Dias Disner saiu satisfeita da propriedade de Stipp. Ela ganhou 5 quilos de feijão. “No mercado, o preço está pela hora da morte. Pagar quase R$ 3 por quilo é um abuso”, reclamou. O valor é o mesmo praticado em Curitiba. Um preço três vezes maior que a média paga ao produtor no estado, que ontem era de R$ 60 a saca (preto ou de cor), conforme o Departamento de Economia Rural (Deral).
O Instituto Brasileiro de Feijão (Ibrafe) informa que o preço triplica antes de o alimento chegar à mesa do consumidor porque, além do custo de distribuição, os supermercados praticam valores além de seus custos. “Essa margem está ficando com os supermercados”, argumenta o presidente do Conselho Administrativo do Ibrafe, Marcelo Lüders. A reportagem entrou em contato com a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), mas não obteve informações sobre como é calculado o preço do feijão.

Dirceu Portugal, correspondente em Campo Mourão, e Luana Gomes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá Leitor (a) do Blog Opinião do Zé!
Obrigado por participar e deixar este espaço ainda mais democrático...