quinta-feira, 11 de agosto de 2011

::: INVESTIMENTOS - Instabilidade da bolsa cria nova corrida do ouro

Metal bateu três recordes seguidos de preço nesta semana, mas, para analistas, ele é apenas alternativa de segurança em tempos difíceis
A volatilidade do mercado acionário nos últimos dias tem feito com que investidores com ativos financeiros buscassem segurança nos ativos reais, como o ouro. De acordo com especialistas, em momentos de crise é natural que as pessoas se sintam mais seguras investindo em bens concretos do que em ações de empresas. No entanto, a incerteza com o cenário econômico mundial faz com que os investidores atuem com mais cautela na hora de migrar de um ativo para outro.
Investidores de todo o mundo começaram a buscar alternativas mais seguras que o dólar desde o rebaixamento do rating da dívida pública norte-americana pela agência Standard & Poor’s, na última sexta-feira. Não por acaso, a corrida pelo ouro fez com que sua cotação batesse recorde pelo terceiro dia consecutivo ontem, chegando a US$ 1.784,30 a onça (31,1 gramas) na quarta-feira. O valor é 10% maior que no início do mês, quando a onça era cotada a US$ 1.620,50.
“Com a incerteza no mercado acionário há uma fuga dos investidores, que em momentos de crise tendem a ser mais conserva­dores na hora de investir. Como a qualidade do dólar foi colocada em xeque, os investidores estão migrando para o ouro”, avalia o operador de in­vestimentos Gui­lherme Car­rasco, da Grow In­­vestimentos.
Dólar
Por outro lado, o superintendente-executivo de Gestão de Patrimônio do HSBC, Gilberto Poso, pondera que, como o preço do ouro está atrelado ao dólar, uma desvalorização da moeda norte-americana se reflete em uma desvalorização [em reais] da onça de ouro. “Mesmo assim, certamente o ouro se beneficia e de­­ve continuar a ser procurado, já que há séculos ele é tido como uma opção de reserva”, observa.
Independentemente dos rumos da moeda norte-americana, a busca pelo ouro pode ser momentânea, já que analistas não veem possibilidade de o dólar ser deixado de lado, inclusive no longo prazo. “O ouro não é investimento, é segurança. Não há previsão de que o dólar deixe de ser a moeda de referência em todo o mundo. Tanto a moeda norte-americana é vista como a mais segura que os investidores continuam a correr para o dólar”, pontua o professor de Economia da PUCPR Fábio Tadeu Araújo.
Ativos financeiros
Um ativo financeiro é aquele que sofre variações segundo as expectativas dos investidores, como moedas, títulos de dívida e ações. Um ativo real, como o nome diz, é aquele bem concreto, como um imóvel, terras agrícolas e o ouro. O ativo real é mais seguro porque o seu valor depende do próprio bem, enquanto o financeiro trabalha com expectativas futuras do preço de cada ativo. “O mercado imobiliário, por exemplo, não apresenta tanta oscilação quanto o mercado acionário. Isso porque há menos pessoas negociando imóveis do que ações e por isso há mais liquidez entre os ativos financeiros. Com os temores sobre o cenário econômico internacional, os papéis tendem a ‘derreter’, enquanto imóveis demoram mais para se desvalorizar”, analisa Carrasco.
Entretanto, por mais que a oscilação nas bolsas não esteja diretamente ligada à perda de valor de ativos reais, os especialistas recomendam cautela ao procurar novos portos seguros. “A variação não atinge diretamente o mercado imobiliário, por exemplo. Porém, com a expectativa de que os Estados Unidos cresçam menos, e sendo eles a principal economia mundial, pode ser que o Brasil cresça menos também. Com isso, o mercado de imóveis em Curitiba pode desacelerar e ter uma valorização menor. Não é automático, mas tem efeitos de longo prazo”, explica Araújo, da PUCPR.

João Pedro Schonarth - GP

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá Leitor (a) do Blog Opinião do Zé!
Obrigado por participar e deixar este espaço ainda mais democrático...