No próximo domingo (5) será o Dia Internacional do Meio Ambiente. Para nós o tema interessa. O Paraná é terra do agronegócio e nossa região um modelo diversificado da indústria agrícola, que tem sua sede, naturalmente, na cidade. È cada vez mais difícil considerar real, a mera simbologia do termo “homem do campo”.
Nosso desenvolvimento agrícola se expressa em um desmatamento que, entre 1950 a 2011, reduziu a Mata Atlântica de 50% para 4%. E nem um lugar tem uma história relacionada com o desmatamento como a nossa, o Noroeste do Paraná. Parodiando o professor Renato Leão Rego, autor do livro “Os Britânicos e a Construção da Paisagem no Norte do Paraná”, nossas cidades são plantadas.
Mas o clima não é de harmonia na terra onde sua história se confunde com o agronegócio. Nossa trajetória econômica foi fundada, em sua maioria, nos ciclos agrícolas. O café foi o que deu sentido a modernização ao Norte e Noroeste do Paraná. Se hoje o soja se destaca, é porque, como dizia o Visconde de Feitosa, em meados do século XIX, em sua eterna briga com o Barão de Mauá, “o Brasil tem uma vocação agrícola”.
Em uma entrevista do ambientalista Jorge Villa Lobos, que dirige o Observatório Ambiental da UEM (Universidade Estadual de Maringá), dada a CBN, a culpa desta destruição ambiental que estamos vivendo são “os chineses”. A análise, para ele, se sustenta na busca de ampliar a produção para o mercado externo, onde a China é nosso principal cliente hoje. No ciclo do café foi são os norte-americanos.
O debate é histórico, mas agora se expressa no Projeto do Novo Código Ambiental que será discutido e votado no Senado. Possivelmente o seu relator deve ser Luis Henrique, ex-governador de Santa Catarina. Ele defende a criação de códigos ambientais nos estados, afinal, cada um tem uma realidade própria em relação ao tema, afirma o senador.
Mas voltando a “vocação do Brasil”, e a briga história entre o Barão de Mauá que sonhava em industrializar o país e, seu rival, o produtor agrícola de café Visconde de Feitosa. Temos que considerar que a indústria submeteu o campo e fez dele um grande negócio.
Se tivermos o café como exemplo, sua produção mudou significativamente. Foi aprimorado pela industrialização que domina a genética das sementes, solo, maquinário e processamento. Em um terço de áreas das fazendas cafeeiras do Império (1822-1889) produzimos cinco vezes mais em metade do tempo. Nossa soja, nosso gado, nossos suínos seguem a mesma lógica. Quem dirá o nosso frango, que cresce feito uma bexiga de festa de aniversário, “em quase um sopro”.
Na divisão internacional do trabalho, os chineses querem comida e nós estamos dispostos a vender, podemos e temos meios para isso. O agronegócio é uma indústria como qualquer outra, os produtores agrícolas mais uma peça nessa engrenagem.
Existe também, a indústria ambiental. Os meios técnicos para preservação se multiplicam e as soluções urbanas e rurais estão disponíveis. Preservar áreas de mata nativa também gera lucro, com parques, eco turismo, criação de animais em meio à mata, alimenta solo e plantas cultiváveis. Uma questão que a ciência já aponta caminhos e a tecnologia ações.
Contudo, a política dos gabinetes encontra barreiras. O Estado protecionista viciou o agricultor, que ainda é beneficiado por financiamentos e proteção excessiva do poder público.
Por outro lado, o atual governo exaltou os ecologistas. Transformou a natureza, que nunca foi de todos, como um patrimônio coletivo, o qual nunca exerceu esta função, a não ser entre as comunidades indígenas e no nosso passado pré-histórico.
Este debate dualista tem tomado a mídia, a mesa do ser humano, e o alimento, virou campo de batalha entre produtores e ambientalistas. Vai da critica a sacola plástica, avança sobre as verduras e legumes. Atacam as frutas e o bife. Tem promovido a crise existencial da sociedade obesa pelo alimento industrializado.
Muitos destes debates são, mas não podemos ser ingênuos em relação aos seus fundamentos. A falta de uma discussão fundada na ciência e nos interesses humanos parece ter apenas duas opções, mas é ilusão de ótica de uma visão estreita. Um simplismo diante de relações bem mais complexas, que raramente vem a tona.
Gilson Aguiar - GM
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