domingo, 15 de maio de 2011

::: MILAGRE? - Golpe do carro barato lesa consumidores


Estelionatários publicam anúncios em classificados de jornais para enganar vítimas. Vergonha dificulta trabalho da polícia

O nome de uma empresa estatal conhecida, uma conversa envolvente feita por telefone e a aposta na ingenuidade da vítima. Um novo golpe que se vale de elementos já conhecidos pela população e que vem sendo aplicado em Curitiba por uma quadrilha de São Paulo serve de alerta para a importância da cautela na hora de fechar um negócio.

De acordo com a Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga, responsável pelas investigações, golpistas anunciam em classificados de jornais do estado a venda de um veículo (carro, caminhão ou moto) por um preço bem inferior ao do mercado. Ao entrar em contato com o telefone fornecido no anúncio (o número é da capital paulista), a vítima é informada de que o anunciante é funcionário da Petrobras e de que teria ganhado o veículo em um sorteio.
O golpista então pede à vítima que escolha o veículo de sua preferência e anuncia que fará o depósito na conta da concessionária. A vítima então liga para a empresa e pergunta se o depósito foi registrado. Ao receber a confirmação, deposita o valor combinado no anúncio na conta do estelionatário sem esperar pela confirmação do depósito. Somente mais tarde descobre que o cheque depositado em São Paulo era roubado e não foi compensado.
Até ontem, apenas um boletim de ocorrência havia sido feito na delegacia, registrado há cerca de um mês por um empresário português que respondeu a um anúncio de um caminhão. O número de pessoas lesadas, no entanto, pode ser bem maior, segundo o delegado Cassiano Aufiero, porque muitas vítimas não registram o boletim de ocorrência. “A maioria nem aparece na delegacia por sentir vergonha de cair em um golpe considerado comum. No entanto, é preciso deixar claro que os golpistas são pessoas inteligentes, ardilosas e que isso pode acontecer com qualquer pessoa”.
Cautela
De acordo com um advogado que tem como clientes algumas concessionárias de Curitiba, ao menos quatro pessoas já foram lesadas, uma delas em Paranaguá e três em Curitiba. No momento, a polícia já sabe que os golpistas pertencem a uma quadrilha de São Paulo, mas como o golpe é comum em todo o país recomenda-se cautela.
Ao se deparar com a oferta, a pessoa não deve fazer negócio por telefone e em hipótese alguma depositar a quantia sem antes obter a confirmação da concessionária da compensação do cheque. Apenas a confirmação do registro do depósito não oferece garantias. Para que o banco se certifique da procedência do cheque e de que ele tem fundos levam-se em média quatro dias.
Desinformação facilita ação de golpistas
Apesar de apresentar algumas diferenças, a maioria dos chamados golpes populares, que atingem pessoas comuns, não muda ao longo do tempo. O que faz com que o cidadão continue “caindo” na conversa de golpistas é a falta de informação. Essa é a opinião do investigador italiano especialista em fraudes Lorenzo Parodi. “Falta divulgação desses golpes. É preciso falar sobre eles, porque só a prevenção ajuda a coibir. O criminoso só vai parar quando perceber que as pessoas não caem mais”, afirma.
Para Parodi, a prevenção é negligenciada. “O governo só trabalha com repressão”, diz ele, que defende palestras em escolas e a realização de campanhas educativas na imprensa abordando o assunto. “Quanto tempo se leva para falar sobre 20 tipos de fraude? Menos de uma hora. E após esse tempo, a pessoa nunca mais vai cair no golpe. Vai repassar essa informação para pais e amigos que certamente também não cairão”.
Embora critique o foco exclusivo na repressão, Parodi afirma que ela é importante e que a polícia tem atuado com rigor no combate aos fraudadores. “Essa visão de que a polícia não pega o criminoso não é verdade. Golpistas são presos a toda hora”, afirma. Ele destaca a importância do registro do boletim de ocorrência. Para o especialista, mesmo que um caso particular não se resolva, as informações contidas no boletim são essenciais para fornecer elementos que levem a polícia aos golpistas e para passar aos criminosos a sensação de que não haverá impunidade.

 Vanessa Prateano - GP

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