segunda-feira, 30 de maio de 2011

::: INFLACIONADO - Pedágio sempre em alta

Arrecadação das concessionárias paranaenses subiu 238% em nove anos. Custos operacionais das empresas crescem em ritmo menor


A combinação de reajustes das tarifas de pedágio acima da inflação com o aumento do número de veículos
circulando nas rodovias concedidas do Paraná fez a arrecadação das concessionárias subir 238% nos últimos nove anos. As seis empresas que administram estradas no estado arrecadaram juntas, em 2001, R$ 355 milhões e fecharam 2010 com faturamento de R$ 1,2 bilhão. Os dois principais fatores que elevaram a receita foram justamente as correções da tarifa – que quase triplicou desde o início da concessão , com aumento de 185%– e o crescimento do tráfego, na faixa de 51%.
A comparação da receita das concessionárias, elaborada pela Gazeta do Povo, desconsidera os primeiros anos do contrato de concessão (de 1998 a 2000), quando oscilações nos valores das tarifas decorrentes de reajuste unilateral do governo do estado distorceriam a análise. No período de nove anos, entre 2001 e 2010, as despesas não au­­­men­­­taram na mesma proporção que as receitas.

Os custos operacionais, por exemplo, subiram 138% – 100 pontos porcentuais a menos que a arrecadação. “Temos bons resultados em função de uma gestão mais qualificada”, pondera o presidente regional da Associação Brasi­­­leira de Concessionárias de Rodo­vias, João Chiminazzo Neto. Já o au­­­­mento no valor investido em no­­­vas obras foi de 39% em nove anos – é preciso considerar que o investimento inicial foi mais alto nos primeiros anos da concessão.
Outro fator que faz a receita das concessionárias paranaenses apresentarem uma variação positiva tão significativa é que, no Paraná, a proporção de caminhões e ônibus nas rodovias é expressiva. Para cada dois veículos leves trafegando, há um veículo pesado. Em São Paulo, a proporção é de três veículos leves para cada pesado. Caminhões e ônibus pagam pedágio por eixo, o que faz os valores unitários serem muito maiores.
Valor repassado
Para o economista Marcelo Cura­­­do, a quantidade de caminhões nas estradas do estado – seme­­­lhan­­­te ao tipo de tráfego em rodovias com concessão federal – é uma prova de que o valor das tarifas tem maior impacto nas movimentações econômicas no Paraná. “O pedágio não pesa só para quem vai até a praça de cobrança. Quem usa a rodovia repassa os custos e todos os produtos e serviços acabam sofrendo variações. Pode aumentar custos de exportações e influenciar no mercado interno.”
O professor avalia ainda que o crescimento de 238% nas receitas – comparável a um aumento menor de despesas e investimentos – mostra que as concessionárias paranaenses são muito rentáveis. Ao longo dos últimos anos, o total arrecadado pelo sistema paranaense de pedágio tem representado entre 10% e 14% da receita dos pedágios em todo o país. Entretanto, o Paraná é responsável por apenas 6% da frota pagante no Brasil, índice que já foi de 15%.

GP - Katia Brembatti

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