domingo, 5 de junho de 2011

::: ECONOMIA - Desaceleração da economia freia aumento de salários

O aumento vigoroso do emprego perderá fôlego neste ano. Ainda que a desocupação esteja longe de ser um problema, a desaceleração da economia - já sinalizada nos dados do PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços produzidos no país) do primeiro trimestre - deverá trazer menos ganhos para os trabalhadores.

A economista do Santander, Tatiana Pinheiro, observa que os efeitos do esfriamento da economia, via aumento de juros e restrição do crédito, demoram a ocorrer. Por isso, o reflexo no mercado de trabalho só deverá aparecer por volta de outubro.

Mas alguns indicadores mostram que os salários começam a perder força. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) estima que a massa salarial - uma combinação de novas vagas e salários pagos - cresce em ritmo menor.

Em outubro de 2010, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a alta era de 13,9%. A expansão foi reduzida para 7,3% em abril deste ano, ante abril de 2010.

Segundo avaliação do economista do Dieese Sérgio Mendonça, a inflação vem limitando o poder de compra dos salários e provocou um crescimento mais modesto dessa massa de rendimentos desde o fim do ano passado.

"Está caindo muito rápido", avalia. Ele lembra que no ano passado a renda puxou o consumo, efeito que teve forte influência na expansão do país. Em 2011, diz, os salários terão impacto menor sobre a alta do PIB.

Na prática, isso significa cautela, segundo o economista Cláudio Dedecca, da Unicamp, estudioso do mercado de trabalho.

Para ele, a desaceleração será mais clara em comércio, serviços e fabricação de produtos de consumo, como roupas, por exemplo. São os primeiros setores a sofrer quando os salários achatam.

"Será possível trocar de emprego, mas muito possivelmente para ganhar o mesmo do emprego anterior. O espaço para promoções está mais restrito", diz.

Taxas altas de desemprego não estão nas suas previsões. Isso porque se espera crescimento de cerca de 4% na economia - o que ainda garante novas contratações. Mas, segundo ele, a duração da crise envolvendo o ministro Antonio Palocci pode levar a um pessimismo, o que provocaria corte em investimentos e criação de vagas.

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