No discurso de posse, Sérgio Souza afirmou que participou “efetivamente” da campanha de Gleisi Hoffmann ao tentar fugir do rótulo de “sem voto
Sérgio Souza (PMDB-PR) estreou ontem no Senado tentando evitar o rótulo de “sem voto”. Suplente de Gleisi Hoffmann (PT), que licenciou-se na última quarta-feira para assumir a Casa Civil, ele frisou no discurso de posse que participou “efetivamente” da campanha que levou a petista à vitória com 3,1 milhões de votos. Também prometeu dedicar-se a três propostas – o novo Código Florestal, a Reforma Política e a criação de mais quatro Tribunais Regionais Federais (um deles no Paraná).
“Essa história de que eu não tenho votos não é bem assim. Eu posso não ser o conhecido do Brasil, o conhecido da grande maioria da população. Mas sou conhecido pela grande maioria dos prefeitos, de vereadores, dos deputados estaduais e federais”, disse, em entrevista após a posse.
Souza também destacou que representa um grupo político com peso eleitoral – a ala do PMDB ligada ao ex-governador Orlando Pessuti. “É bastante importante frisar que eu não vim do nada.” O novo senador afirmou que participa da política “desde criança” e que no ano passado fez campanha em mais de 150 municípios para ajudar a eleger todos os candidatos da chapa peemedebista, inclusive o agora colega de Senado Roberto Requião (PMDB).
Beijo no tutor
O senador ressaltou Pessuti sempre que pôde. “Por sua influência e doutrina política partidária ingressei na vida pública”, declarou no discurso. Ao final da fala, em meio aos cumprimentos de uma dezena de parentes, saudou o “tutor” com um beijo no rosto.
Já Requião nem compareceu à posse. Ele e Pessuti chegaram a se cruzar no corredor de acesso aos gabinetes, mas não se cumprimentaram. Eles romperam em abril do ano passado, quando Requião desincompatibilizou-se do governo do estado para concorrer ao Senado e foi substituído por Pessuti.
Terceiro senador paranaense, Alvaro Dias (PSDB) prestigiou a chegada do novato. Souza também recebeu atenção de caciques tradicionais do PMDB, como José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Valdir Raupp (RO). Além deles, pelo menos 15 políticos regionais e ex-integrantes da gestão Pessuti viajaram a Brasília para acompanhar a posse.
Souza afirmou que, além de dar continuidade aos projetos iniciados por Gleisi, vai se comprometer com todas as questões paranaenses que dependem do Congresso. “Ressalto também, como compromisso permanente nesta que é a Casa da federação, a defesa da forma intransigente dos maiores interesses do Paraná, procurando, acima de tudo, garantir o bem-estar do povo paranaense.”
A primeira prioridade será a discussão do Código Florestal, aprovado no mês passado pela Câmara dos Deputados. “Acho que não podemos tratar determinadas situações dizendo que a agricultura construída no Paraná e no Brasil há décadas como crime”, disse, citando o exemplo da própria família, que tem propriedades rurais na região de Arapuã, no norte do Paraná.
Advogado especialista em direito eleitoral, afirmou ter experiência para ajudar no debate sobre Reforma Política. “É a minha área”, disse. A formação profissional, segundo ele, também será útil nos debates sobre a proposta de criação de novos tribunais – apesar de o tema já ter sido aprovado pelo Senado.
André Gonçalves - Brasília - GP
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