quinta-feira, 31 de março de 2011

::: ALIMENTOS - Esperando consumo forte, indústria segura preço do ovo de Páscoa

Com previsão de aumento nas vendas, setor tenta não repassar ao consumidor final todos os reajustes nas matérias-primas

Janaína de Carvalho espera que a experiência como promotora de cartões de crédito a ajude no período pré-Páscoa

As matérias-primas para a fabricação de ovos de Páscoa subiram, mas as fábricas de chocolate e o comércio contam com o aumento no consumo para não repassar toda a alta ao cliente. Nos últimos 12 meses, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o açúcar subiu 20%. No mercado internacional, o cacau subiu 5,95%. Mas a Abicab estima que os ovos cheguem às prateleiras entre 3% e 7,5% mais caros. A esperança da indústria é a previsão de aumento de até 40% nas vendas. Os fabricantes esperam um consumo de 30 mil toneladas de chocolate, volume 17% maior que em 2010.
Disposta a ampliar sua fatia no mercado, a Icab Chocolates espera aumentar entre 15% e 25% as vendas de seus chocolates, todos artesanais, adotando uma política de retenção dos preços. Segundo o sócio-gerente da empresa, Thiago Muffone, a Icab não pretende repassar o aumento dos insumos, mas apostar nos chocolates tradicionais, com originalidade nas embalagens e em produtos inéditos, como a caixa de bombons de 700 gramas com novos sabores. A Páscoa responde por 40% do faturamento da marca. “Na realidade, o que mais pesa é a mão de obra, por isso vamos manter o mesmo preço, mesmo com esses aumentos que ocorreram”, disse Muffone.
O Café Havana tem sua própria marca e também deve manter os preços praticados no ano passado. Para o empresário Eloir Nasci­mento, o aumento da matéria-prima não se reflete no preço final. “Vamos manter o mesmo preço, pois acreditamos no aumento do mercado consumidor e nas vendas”, disse.
Com participação de 36,1% no mercado, a Lacta deve produzir cerca de 25 milhões de ovos – 2 milhões a mais que no ano passado. Os preços sugeridos pela empresa para os ovos tamanho 15 e 20 variam de R$ 17,49 a R$ 30,49, enquanto os de tamanhos 12, 15 e 20 infantil são vendidos de R$ 12,99 a R$ 36,49.
Temporários
Para atender à demanda na produção, foram abertas 70 mil vagas para trabalhadores temporários no país, 25% a mais do que no ano passado. O Paraná responde por 4.382 vagas, ou 6,26% dos trabalhadores que serão contratados no país. Segundo Débora Mattos, diretora da Pró-Evento, empresa especializada em contratações temporárias para promoções e comércio, a maior parte das contratações é destinada à indústria, que iniciou o processo seletivo em setembro de 2010.
Apesar da proximidade da Páscoa com o Dia das Mães (o intervalo é de apenas duas semanas), Débora não vê a possibilidade de o aproveitamento da mão de obra ser maior que 60%. “Nós formamos um banco de horas com bons profissionais. No fim do trabalho relacionamos aqueles que têm condições de continuar na mesma empresa ou em outra, mas a Páscoa é uma data muito específica e muitos contratados atuam na indústria”, argumenta.
Segundo Débora, é difícil relacionar um trabalho de produção com o outro. “Quem atua na promoção pode se adaptar e trabalhar em datas como Dia das Mães ou Dia dos Namorados, muito mais semelhantes, pois pode trabalhar em setores de telefonia, joias, eletrodomésticos. No caso dos promotores, essa adaptação fica facilitada”, explica. A empresa foi responsável pela contratação de 1,2 mil pessoas – a maioria delas com experiência, mas outras também em seu primeiro trabalho.
Janaína de Carvalho, 19 anos, trabalha em uma rede de supermercados como promotora de ovos de Páscoa. Ela foi contratada há três semanas e entrou na primeira fase do trabalho. Esse é a primeira vez que atua no período pré-Páscoa, mas adquiriu expe­riência como promotora com cartões de créditos. “A expe­riência anterior me deu condições para começar esse trabalho. Acredito que a facilidade de comunicação e o comprometimento ajudam no dia a dia”, disse.
Com salário médio de R$ 700, que pode ser aumentado com gratificações, conforme as vendas, Janaína se incomoda apenas com a impaciência de alguns consumidores. “Alguns pensam que somos vendedoras, mas na verdade apenas facilitamos a escolha, dando informações, mostrando as opções, mas alguns não entendem assim”, afirma.
Na próxima semana deverá ser contratado mais um grupo de temporários, que entrarão na fase final da semana de Páscoa, quando as vendas aumentam e há necessidade de mais mão de obra nas redes de supermercados.

Julio Cesar Lima - GP

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